"Para mim a fotografia é um caminho de descobertas. É por meio da fotografia que me aventuro pelo mundo."
Ao longo do tempo meu olhar foi percorrendo um trajeto relacionado aos momentos da minha própria vida, ora registrando o cotidiano com um olhar sensível e criativo de um músico e ora explorando realidades pelo olhar curioso e questionador de um biólogo.
Comecei a fotografar de maneira instintiva, seguindo meus sentimentos que direcionava para onde apontar a minha câmera e intencionava a criação da foto. Essa maneira intuitiva e primitiva segue em mim na prática da fotografia, por onde fui agregando experiências e conhecimento ao longo dos anos que possibilitaram a minha formação como fotógrafo.
Demorei muito para me perceber como fotógrafo. Havia comigo uma cobrança interna que causava em mim a impressão de que ainda estava faltando alguma coisa para de fato poder me reconhecer como um fotógrafo.
Nessa trajetória segui caminhando, deixando com que a fotografia revelasse a mim o meu estilo próprio que me representasse, o qual sempre questionei qual seria ou se eu deveria ter um estilo definido. Olhei para os lados, pesquisei os trabalhos de grandes artistas que me inspiraram, revi minhas fotografias para que pudesse associar o meu trabalho a um padrão artístico que todos ao ver me reconheceriam.
A verdade revelada é que nunca segui um padrão definido que me prendesse nele. Mas quando pesquisei a carreira daqueles artistas que eu admiro pude entender o percurso construtivo dos padrões de linguagem de suas artes dentro de suas imagens, foi aí que percebi algo maior: me reconheci profundamente em todas as expressões artísticas que estava pesquisando dentro das histórias contadas nas fotografias de Sebastião Salgado, na força da imagem na conservação de Paul Nicklen, no andar pelas ruas nas imagens de Arthur Meyerson ou na abstração de Olga, nos motivos que levaram Michael O'Neill a fotografar o mundo da Yoga e na arte como ferramenta de transformar realidades no trabalho do Vik Muniz, em cada um deles era possível encontrar em algum momento nas minhas imagens ou no meu propósito como fotógrafo. Isso me fez quebrar uma barreira ao entender que a minha identidade artística está sendo mutável pelo meu olhar curioso pelo diverso em movimento contínuo.
Minha fotografia é o grito da minha verdade na coragem de provocar sentimentos e causar reflexões de uma realidade retratada em uma vida em movimento hiperativo e acelerado com vontade voraz de me expressar e emocionar o outro através da arte. Minhas fotos percorrem uma linha sinuosa que remete a um período de tempo ou de espaços físico, espiritual ou emocional que representam e compõem a minha vida.
Ao longo do tempo fui me percebendo um fotógrafo. Como uma árvore comecei formando as minhas raízes percorrendo os diversos caminhos onde pudesse me conectar e aprender, surgir como um tronco forte e maleável regido pela sazonalidade das forças da natureza e espalhando a minha impressão e olhar de mundo como as folhas carregadas pelo vento até algum lugar.
É um olhar profundo dentro de mim resgatando desde aquela criança sonhadora, livre para criar mundos imaginários e curiosa o suficiente para querer se tornar um cientista e explorar o mundo com todas as suas possibilidades que o fazia acreditar que iria conseguir torná-lo um lugar melhor.
Isso continua em mim, isso sou eu, esse é o meu jeito de fotografar. Se fosse diferente disso, não seria eu, não seria a minha arte.

RICARDO ABRAHÃO - FOTÓGRAFO
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